As atividades laborais com eletricidade requerem extremos cuidados para que sejam executadas com segurança. O arco elétrico, por exemplo, é altamente perigoso e há medidas e regulamentação que previnem acidentes, por vezes, fatais. Os relâmpagos são exemplos de arco elétrico, que ocorre no ambiente natural do planeta Terra. Já o arco elétrico na área de eletricidade forma-se pela energia liberada de forma instantânea pelo ar entre dois condutores energizados e a terra, oriundo de corrente elétrica que flui entre eles. O arco é visível a olho nu. A duração do arco elétrico é de 200 milissegundos (ms) sobre um corpo humano, estando numa distância de 610 milímetros (mm). A energia que incide é devida à tensão, que decorre do curto-circuito no local e do tempo de abertura dos dispositivos de proteção diante de uma falha. O fenômeno produz alto calor, explosões e brilho. Se não fosse tão perigoso ao trabalhador exposto a esse episódio, diria que é uma beleza de se ver! Ah, sim, os profissionais do campo do trabalhador, que lidam com a prevenção dos riscos ocupacionais em sistemas elétricos sabem como é extremamente importante conscientizar e difundir informações sobre os riscos do arco elétrico.
Por muito tempo, as normas para as atividades do setor elétrico estavam centradas em mitigar os riscos do choque elétrico. Afinal, aos trabalhadores do setor, uma descarga elétrica de 13.800 volts, por exemplo, se não matá-los provocará sequelas graves, como amputações de membros. Neste blog já contamos a história de Flávio Peralta, criador do site Amputados Vencedores, que, quando era eletricista em Londrina, no Paraná, ao trocar um transformador, recebeu essa descarga, perdendo os dois braços. Pois é, Flávio tinha à época apenas 27 anos. Hoje, ele dedica a vida alertando o trabalhador sobre a necessidade de se proteger.
Muito bem, volto ao arco elétrico, que atualmente requer todos os cuidados e conscientização para que uma tragédia não chegue perto de trabalhadores. A partir da década de 80, a regulamentação do setor elétrico passou a abarcar os requisitos de prevenção contra o arco elétrico. Sobre esse risco, as normas brasileiras e estrangeiras estabelecem as exigências técnicas para a realização das atividades com segurança. No Brasil, a NR 10 (segurança em instalações e serviços em eletricidade) trata dos cuidados nessas atividades. Em geral, a reação de um arco elétrico circunda uma mudança em sua geometria por causa de sua propagação, aos jatos de plasma e às forças eletromagnéticas. É complexo entender um arco elétrico de forma exata, de maneira a impedir que aconteça.
Canadá, EUA e União Europeia estão à frente do Brasil, quando se fala em requisitos legais que assegurem a segurança do trabalhador. A última revisão da NR 10, em 2004, criou regras para quem se envolve fisicamente em serviços elétricos, apesar de não especificar a proteção contra arco elétrico. Esse tema está dentro do conteúdo do treinamento básico da NR 10. A norma prevê a proteção contra choques elétricos e queimadura, principal consequência do fenômeno que atinge um trabalhador. Pela norma, deve-se elaborar um texto com informações sobre a instalação elétrica, que sirva como roteiro para quem for exercer suas atividades laborais. Também a NR 10 recomenda que o plano de emergência contenha as ações envolvendo choque elétrico e arco elétrico. A avaliação dos cenários do acidente e seus mecanismos de respostas incluem evidentemente os equipamentos de proteção individual (EPIs), conforme a atividade. Esses EPIs, segundo a NR 10, devem observar três aspectos: a inflamabilidade, condutibilidade e influências eletromagnéticas.
Estão com as normas estrangeiras, entretanto, as melhores referências técnicas relativas ao risco de arco elétrico. Uma das mais pertinentes de proteção ao arco elétrico é a IEEE 1584 (norma americana, que é um guia para a realização de cálculos de risco de arco voltaico), pois fornece soluções de engenharia, indicando uma distância segura para o risco de arco elétrico durante a atividade em sistema energizado.
Na Brasil, encontra-se em elaboração pela Comissão de Estudo da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), CE 32:006.04 (Luvas e Vestimentas 44 Apoio Proteção contra arco elétrico e EPIs de Proteção – Riscos Térmicos), uma norma técnica para tratar sobre metodologias de ensaios de vestimentas de proteção contra arco elétrico e fogo repentino.
O item da NR 10 que trata da inflamabilidade fundamenta os requisitos da correta vestimenta de trabalho às atividades em instalações, com chances de acontecer um arco elétrico. A vestimenta não deve entrar em combustão, agravando os ferimentos e queimaduras do arco elétrico.
O Brasil ainda não conta com um laboratório de ensaios em materiais têxteis usados em confecção de vestimentas e EPIs para proteger o trabalhador dos efeitos térmicos de arcos elétricos. Em recente divulgação, o Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP) anunciou que, em breve, instalará um laboratório de ensaios de avaliação para certificação e para condições de uso do produto. O ensaio de arco aberto para têxteis seguirá os requisitos da norma americana ASTM F 1959 e da norma internacional IEC 61482 1-1 Método A.
Tecidos Fire Protection
A linha de tecido retardante a chama da Santista Work Solution tem como finalidade o retardamento à propagação da chama e é indicado para usuários expostos às situações de fogo repentino e ao arco elétrico. Segundo Inácio Silva, coordenador de produto da empresa, essa linha é considerada de alta tecnologia. Trata-se de um processo de fabricação extremamente controlado de forma a garantir o melhor desempenho de proteção contra riscos térmicos. “O tecido tem a propriedade de impedir a propagação da chama quando o trabalhador é exposto ao fogo repentino ou ao arco elétrico. O objetivo principal é garantir a integridade física do trabalhador, evitando queimaduras que poderiam causar consequências mais graves”, explica. Segundo ele, os tecidos seguem as exigências das normas NFPA 2112 (Fogo Repentino) e NFPA 70E (arco elétrico). A NFPA (Associação Nacional de Proteção Contra o Fogo), americana, é a mais prestigiada referência mundial em normas e regulamentos técnicos de segurança contra incêndio. Segundo Silva, o tecido é indicado para operações em que o trabalhador está exposto aos riscos térmicos. “Atualmente, temos três produtos retardantes a chamas, o Solasol-X, Titânio FR e Vulcan X3”, finaliza.
Por Emily Sobral